Resenha Crítica sobre Normal-Patológico, Saúde-Doença: revisitando Canguilhem articulado com o texto A Atualidade das Depressões

Resenha Crítica sobre Normal-Patológico, Saúde-Doença: revisitando Canguilhem articulado com o texto A Atualidade das Depressões (como pensar as depressões sem o DSM-IV)

No texto Normal-Patológico, Saúde-Doença: revisitando Canguilhem, os autores analisaram a obra de Canguilhem e ressaltaram questões fundamentais ao se pensar o processo saúde-doença. Canguilhem inicia o olhar crítico ao modelo adotado nos processos de saúde e Foucault desenvolve ainda mais essa nova perspectiva ao longo de suas obras.
O modelo adotado pela medicina e biologia, com respaldo do saber científico da época, diferenciavam o normal do patológico quantitativamente. A doença era definida por uma excitação maior ou menor de determinado tecido, o que tornava o sujeito fora da normalidade, doente. Influenciados pelo positivismo de Comte, que determinava as leis da normalidade, existia uma identidade essencial entre fenômenos fisiológicos e patologias, reduzindo tais fenômenos a um padrão homogêneo. Essa concepção está relacionada aos pressupostos positivistas em que fenômenos fisiológicos eram assistidos tais como fenômenos da física. Como consequência dessa visão, surge a idéia da cura, restauração de um estado anterior ao da patologia, uma terapêutica que busca reequilibrar, ou até mesmo consertar, aquele desequilíbrio gerador da doença. Kehl, em seu texto "A atualidade das depressões (como pensar as depressões sem o DSM-IV)" aponta o quanto essa tendência ainda é atual, e através da análise da depressão ela ressalta que o sofrimento humano assume diversas formas clínicas, dificultando o estabelecimento de um conceito único.
Canguilhem argumenta que o normal e o patológico, diferente do que era defendido pela teoria vigente, na verdade eram dois fenômenos qualitativamente diferentes e opostos, definidos como forças em luta. Segundo ele, o conteúdo da patologia não pode ser reduzido ao conteúdo da saúde, seja de forma lógica ou não, porque o primeiro diz respeito a uma nova dimensão