Resenha Crítica - Capitães da Areia

Resenha Crítica
“Capitães de Areia”, de Jorge Amado.

Campina Grade – PB – 27/04/14
A Bahia dos anos 30, aos olhos de Jorge Amado
Resenhado por Eduardo Lacerda.
AMADO, Jorge, 1912-2001. Capitães da Areia, de 1937. Romance; ilustrações de Poty, 86ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 1996.
Capitães da Areia, de Jorge Amado, tem por objetivo trazer à tona a vida dos menores abandonados na Bahia, durante os anos 30. O livro se inicia com pseudo-cartas, que narram acontecimentos anteriores a narrativa em si. O conteúdo dessas cartas remete-se a vários pontos de vista que convergem em relação às “crianças ladronas”. Nesse momento, padres, juízes, costureiras e diretores de reformatórios expõem argumentos para resolver o problema dos jovens delinquentes.
O livro se divide em 3 partes: a primeira, intitulada “Sob a Lua num velho trapiche abandonado”, são apresentados ao leitor o ambiente e as personagens principais, assim como suas características e os motivos que os levaram a se juntar ao bando de órfãos gatunos. Nesse momento tem-se o parecer de que não se tratam de meninos, mas sim de homens, pois todos já bebem, fumam, deitam-se com prostitutas e divertem-se com jogos de azar.
Um dos pontos chave da primeira parte concentra-se no capítulo “As luzes do Carrossel”; além de ser o mais extenso, tem por característica expor a infantilidade presente naqueles garotos. Mesmo em meio a toda a situação adversa de suas vidas, eles conseguem expressar a felicidade mais singela e pura de uma criança, enquanto se divertem no velho e enferrujado carrossel.
Jorge Amado então não se posiciona em relação aos Capitães da Areia, pois ele apenas expõe os fatos – mesmo que com um enfoque maior na visão dos Capitães. Cabe ao leitor considerá-los como pobres meninos sem família ou como ladrões e assassinos em treinamento. Essa é uma característica bem marcante dos escritores da segunda metade do Modernismo, pois a preocupação social é maior do que as opiniões do próprio autor.