Resenha Corpo, Substância e Pessoa

FLA 0355 – Corpo, Substância, Pessoa. Leituras de Etnologia Ameríndia.
1º semestre de 2015
Professor: Marta Amoroso
Aluno: Kaio Rafael de Oliveira Diniz
Resenha 1

O presente ensaio intenta relacionar alguns dos autores que articulam as ideias antropológicas utilizadas para se compreender as tribos ameríndias das Terras Baixas sul-americanas, colocando-os em uma linha que tem como centro de gravidade a noção de pessoa, passando pelas críticas dos antropólogos americanistas aos modelos analíticos aplicados até então na etnologia, finalizando em uma incursão nos trabalhos etnográficos que sublinham a importância do idioma da corporalidade na construção da noção de pessoa para os ameríndios. Mauss nos mostrou como essa noção é construída em meio ao desenvolvimento histórico da sociedade europeia, porém, no tocante aos povos do Brasil central, pouco se podia dizer sobre essa "categoria do espírito" antes das etnografias de Viveiros de Castro e Manoela Carneiro da Cunha, apenas para citar dois autores centrais que se inseriram no mundo ameríndio com a intenção de estabelecer conexões entre a Antropologia e as cosmologias nativas. A ponte que liga a Antropologia ao seu objeto – sem problematizarmos a questão da relação entre sujeito e objeto – são as ferramentas analíticas forjadas empiricamente, no contato com “objeto” estudado. Assim Malinowski lança mão das ideias de fato social, função social e da analogia orgânica para explicar o sistema de trocas trobriandês, o kula; bem como Radcliffe-Brown e Evans Pritchard se servem dos sistemas de parentesco africanos para formular suas explicações sobre estas sociedades. A princípio, apesar das críticas à escola funcionalista, não há problemas na formulação de um aparato conceitual analítico que ajude a trazer à tona aquilo que se pretende demonstrar sobre determinada instituição de determinada sociedade, porém, segundo Anthony Seeger, a Antropologia possui uma característica importante: modelos teóricos desenvolvidos para