religiao e midia
Na análise da realidade religiosa contemporânea, a constatação que parece saltar aos olhos é de uma vitalidade pulsante, após um período em que se anunciava uma modernidade governada, em grande parte, pela razão científica e técnica, e que se estruturava nomeadamente pela secularização e, por conseguinte, pela a-religiosidade. Hoje, inseridos no século XXI, observamos que, de fato, a ciência e a tecnologia moderna evoluíram de tal forma, que se tornaram parte essencial do cotidiano da maioria dos habitantes do planeta, fazendo com que as pessoas, mesmo as de menor poder aquisitivo, tenham um grau de informação inimaginável 100 anos atrás.
Entretanto, apesar de todas essas mudanças e contradizendo as previsões anteriores do “fim da religião 1”, apesar do avanço da secularização, especialmente no campo da economia e da política, do visível processo de desencantamento do mundo 2, a religiosidade dos últimos tempos é manifesta intensamente na vida privada das pessoas, em formas afetivas e emocionais, sem referência à doutrina ou à instituição eclesiástica. O fenômeno religioso em curso sobrepujou a categoria de “religião perdida” para o “religioso por todas as partes”.
Com efeito, parece-nos à primeira vista, que a religião teria voltado, com ânimo total, à conjuntura política no seio das sociedades ocidentais, evidenciando o investimento religioso na mobilização política e cultural por meio de novos movimentos sociais e dos diversos movimentos religiosos. Para alguns pesquisadores da religião, tal fato vem, notadamente, contrariar a idéia de uma modernidade “racionalmente desencantada”. (JURKEVICS, 2004).
Um dos aspectos mais evidentes dessa notada revitalização religiosa é a grande ênfase na mídia brasileira, impressa e televisiva, principalmente no final da década de 90, quando se procedeu a uma ampla cobertura acerca dos números divulgados pelo Censo do IBGE que apontavam para o surpreendente avanço neopentecostal 3: 300% nos últimos trinta