Relações Internacionais
O livro Estrela da Vida Inteira é, sobretudo, uma reunião, um conjunto de livros de Bandeira. Portanto, ao entrar em contato com essa obra o leitor estará diante de um panorama geral da lírica de um dos maiores poetas que nosso país produziu. Neste livro é possível compreender toda a genialidade deste poeta, que fez com que sua obra seja eterna e passível de ser compreendida e sentida em qualquer época. Seu estilo lírico e ao mesmo tempo despojado certamente continuará atraindo milhares de gerações. Neste livro se encontram poemas que povoam o imaginário brasileiro e que são essenciais para a formação de qualquer leitor. Em Estrela da Vida Inteira, Manuel inicia a coletânea com a obra A cinza das horas (1917), livro no qual podemos perceber a marcada influência parnasiana e simbolista que apresenta a fase inicial da lírica de Bandeira, bem como o início do movimento que o faria abandonar tais tendências.
EPIGRAFE
Sou bem-nascido. Menino,
Fui, como os demais, feliz
Depois, veio o mau destino
E fez de mim o que quis.
Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,
Levou tudo de vencida,
Rugiu como um furacão,
Turbou, partiu, abateu,
Queimou sem razão nem dó –
Ah, que dor!
Magoado e só,
- Só! – meu coração ardeu:
Ardeu em gritos dementes
Na sua paixão sombria...
E dessas horas ardentes
Ficou esta cinza fria.
- Esta pouca cinza fria... Este mau destino que o poeta expressa tão claramente podemos relacionar com a enfermidade que Manuel Bandeira adquiriu ainda jovem: a tuberculose. Manuel tinha características impares em seus poemas, se distingue em duas essências. A primeira seria o já referido tom autobiográfico que permeia sua obra, a capacidade de transformar o poema em espécie de confessionário. A segunda característica, que serve como apoio a primeira, fora explicada com excelência pelo crítico Antônio Candido: a atenção do leitor é despertada pela voz de