Relações Igreja-Estado
Resumo
“A partir da queda da República Velha, inicia-se o que os historiadores consideram como o segundo ciclo de mobilização do movimento católico laico. Passada a primeira fase de reconhecimento da nova situação, a Igreja abandonará a posição contemplativa e se lançará a uma mobilização sem precedentes em sua história social. Seu objetivo será a conquista de sólidas posições na sociedade civil, através das quais procurará implantar projeto de restauração de sua ação normativa sobre a sociedade. A íntima ligação com setores depostos do poder, a fidelidade ao antigo regime e a própria extração de classe da hierarquia farão com que esta, no plano político, tenda a solidarizar-se com as dissidências que cedo se fazem sentir pondo em perigo a estabilidade do regime. O Governo Provisório, por sua vez, desde o início tomará a atitude de procurar atrair a solidariedade e o apoio da “valiosa força disciplinadora da Igreja” e de resguardar seus campos privilegiados de intervenção, delimitando áreas de influência. As primeiras medidas que envolvem seu relacionamento com a Igreja dirão respeito, respectivamente, a tomar facultativo o ensino religioso nas escolas públicas – há longo tempo reivindicado pela hierarquia – e a proibir a propaganda religiosa nos novos sindicatos. A Igreja se lançará à mobilização da opinião pública católica e à reorganização em escala ampliada do movimento católico leigo. Será também nesse período que a intelectualidade católica formulará um projeto de cristianização da ordem burguesa, para “reorganiza-la sob o imperativo ético do comunitarismo cristão”, exorcizando seu conteúdo liberal. O passo inicial da estratégia desenvolvida pela Igreja se dirigirá para a reconquista de seus privilégios e a legitimação jurídica de suas áreas de influência dentro do Estado. A hierarquia organizada, em 1931, duas grandes demonstrações de força na capital da República, através das quais irá mostrar ao novo regime sua