Relação entre virtù e fortuna no "príncipe" de maquiavel

Nicolau Maquiavel foi um precursor da ciência politica, recolhendo material histórico acerca das experiências dos homens de poder de seu tempo e refletindo, a partir delas, de modo a edificar um modus operandi das operações políticas. Seu modo de ver e lidar com o poder vem, portanto, de um estudo empírico e, desta forma, desempenha um papel ímpar na história de nossa ciência. Dentre os vários conceitos que desenvolveu no livro O Príncipe para aconselhar o então recém coroado príncipe da Itália Lorenzo II de Médici destacam-se os de virtù e fortuna, os quais foi me dado aqui o dever de delinear e relacionar.

Virtù é um conceito que define as qualidades que um líder político deve ter para poder desempenhar seu papel com sucesso; dentre essas estão as qualidades de retórica pública, de manuseio militar e popular e a capacidade de criar e instituir estratagemas diversos atendendo as necessidades e circunstâncias afim de atingir objetivos específicos. A ideia de fortuna está associada com as oportunidades que o "acaso" ou destino oferece à essa pessoa de poder. Segundo Maquiavel, esses dois fatores são imprescindíveis para o êxito político. Pois só é dado satisfazer a oportunidade que o acaso oferece àquele que tem as qualidades para reconhecê-la e bem aproveitá-la; e, em contrapartida, as qualidades só serão postas à prova de maneira a serem plenamente satisfeitas se o destino, em algum momento, assim permitir.

Portanto, de nada adianta o líder possuir somente a virtù, dessa forma não poderá aproveitá-la se, por um acaso, for fatalmente abusado pelas circunstâncias. Em contrapartida de nada adianta somente a fortuna se o homem de poder não tiver as capacidades para pô-las em seu