Relatos da Primeira Guerra Mundial

354 palavras 2 páginas
O odor fétido nos penetra garganta adentro ao chegarmos à nossa nova trincheira, a direita dos Éparges. Chove torrencialmente e nos protegemos com o que tem de lonas e tendas de campanha afiançadas nos murros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos estarrecidos que nossas trincheiras estavam sobre um montão de cadáveres e que as lonas que nossos predecessores haviam colocado estavam para ocultar da vista os corpos e restos humanos que ali havia. -Raymond Naegelen, na região de Champagne.

Pela manhã, quando ainda está escuro, há um momento de emoção: pela entrada do nosso abrigo precipita-se uma turba de ratos fugitivos, que trepam por toda a parte a longo das paredes. As lâmpadas de algibeira alumiam este túmulo. Toda a gente grita, pragueja e bate nos ratos. Descarregam-se, assim, a raiva e o desespero acumulados durante numerosas horas. As caras estão crispadas, os braços ferem, os animais dão gritos penetrantes e temos dificuldades em parar, pois estávamos prestes a assaltar-nos mutuamente. -E. M. Remarque pág. 113.

Perdemos todo o sentimento de solidariedade. Mal nos reconhecemos quando a nossa imagem de outrora cai debaixo do nosso olhar de fera perseguida. Somos mortos insensíveis que, por um estratagema e um encantamento perigoso, podemos ainda correr e matar. -E. M. Remarque pág. 121.

Viver nas trincheiras é adiar a morte! A morte chegará pelo fogo inimigo, pelos gases tóxicos que asfixiam ou afogam ou pelas doenças que, inevitavelmente, se contrairão neste inferno de lama!

Secam as fontes e os rios, ardem as searas e a nossa casa e as árvores nuas amaldiçoam o céu, sem sabermos por quê. Morrem os jovens antes de se amarem e os poetas com os poemas inacabados e as crianças olhando espantadas para o céu, sem saberem por quê.
Um vento noturno deixou

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