Reformado

Análise comparada dos contos
O domador de burros de Aldino Muianga e Luuanda de António Luandino Vieira

1. Ambos os contos se situam nos ambientes suburbanos das capitais das maiores colónias portuguesas Angola e Moçambique, respectivamente Luanda e Lourenço Marques.
A localização no tempo pode fazer-se no caso de “ O domador…”, com uma referência ao barbeiro Mhibiza que usava suíças e poupa “à Elvis” ou seja posterior aos meados dos anos sessenta do século passado; por outro lado, há uma personagem que é designada por “regedor” e que ostentava a autoridade administrativa, o que situa a história antes da independência de Moçambique, pois a partir dessa altura, essas funções passaram a ser desempenhadas pelo chefe de bairro/quarteirão.
Luuanda passar-se-á aproximadamente pela mesma época, pois é referido por uma das personagens femininas que o marido está na esquadra da polícia ao que o sargento da patrulha retorque “se calhar é terrorista” o que localiza a história após o início das lutas de libertação.
2. Ambos os contos descrevem com humor e utilizando as linguagens populares locais, dois desaguisados entre populares: maca para Angola, milando para Moçambique. Ambos litígios têm como centro da discórdia, animais. No caso, de “Luanda”, uma galinha que é pertença de uma senhora mas que atraída por milho dado por uma vizinha vai pôr o ovo no quintal desta última. No caso de “O Domador…” trata-se de um casal de asnos, de que a personagem Toto se serve para vender tripas porta a porta.
No caso de “Luuanda” trata-se de saber a quem pertence o ovo. Se à dona da galinha nga Zefa ou à locatária de local onde a galinha pôs o ovo, nga Bina.
Em “O Domador …” trata-se de tentar expulsar do bairro o dono dos burros (que se vem a descobrir que não é dono) evocando principalmente motivos higiénicos mas que na realidade se tratava de limpar a honra do enfermeiro Maurício que se sentiu fortemente desmoralizado e ofendido por o burro- macho se ter sentido atraído