Redacao Sobre Camoes 17341

O amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Poema escrito por Luiz Vaz de Camões no século XVI, “O amor é fogo que arde sem se ver”, nada mais é que um espelho do momento vivenciado por Camões na corte Portuguesa. Extrai-se dele muitas informações relacionadas à vida amorosa do poeta e, a partir de uma análise estruturalista do texto, observamos também um prenuncio a literatura Barroca, famosa por dominar todo século seguinte. Considerado como um conquistador, Camões parece buscar o amor incansavelmente, o que o leva a conhecer inúmeras mulheres de todos os tipos em todas suas andanças pelo mundo. Em Portugal o poeta cultiva amizades com homens acostumados a se relacionarem com meretrizes, o que o leva a conhece-las também. É levado a freqüentar o Paço Imperial por D. Fernando de Noronha e apaixona-se perdidamente por Dona Caterine de Ataíde, dama da rainha. Utiliza-se de um anagrama composto através do nome de sua amada para imortaliza-la em seus poemas. Nesta época também, Camões, mesmo ciente da periculosidade de tal fato, enamora-se pela própria Infanta D. Maria, irmã de D. João III, Rei de Portugal, ou seja, se encontra num estado de plena paixão donde surgem inúmeras obras românticas como o poema citado acima. Para Camões há uma contradição entre seus pensamentos em relação as mulheres, ao mesmo tempo em que tem um imenso respeito por elas, como fossem intocáveis, ele não controla seus desejos carnais, e transfere essa contradição para a poesia lírica, como