Raízes do brasil e raízes ideológicas

Raízes do Brasil e “Raízes Ideológicas” Raízes do Brasil de Chico Buarque de Holanda foi uma obra escrita num período de transição política no Brasil, meados de 1930, em que passado a República Velha a Democracia formal se apresentava como uma perspectiva nascente. Buarque procura desmistificar a identidade brasileira através de uma crítica contra nossas origens lusitanas, coloniais e miscigenadas. Assim o autor desenvolve o conceito da cordialidade brasileira, um fruto do contexto sócio histórico de nossa formação que seria uma personalidade caracterizada por uma série de desvirtudes sociais. A cordialidade é entendida como um comportamento descompromissado com a ética, avesso a hierarquia, indisciplinado e, sobretudo marcado por uma afetuosidade típica ou familiar no ambiente social. É apontado também a incompatibilidade dessa nossa personalidade com o modelo de sociedade democrática liberal. Entende-se que a condenação da cordialidade não é em virtude de sua manifestação em ambiente privado, mas sim sua manifestação na esfera pública. É defendido que o Estado não é uma ampliação do círculo familiar, pelo contrário, o Estado representa antes uma ruptura e até uma oposição a este. Buarque é influenciado pela teoria burocrática de Max Weber, defende a ideologia impessoal do liberalismo democrático, e aponta que as relações familiares, ou seja, patriarcais, informais ou cordiais criaram na esfera pública um ordenamento cordial descompromissado com a ética e a moralidade que deveria caracterizar a política. Assim, surge a dificuldade daqueles que são detentores de posições públicas distinguirem seus interesses privados da gestão pública. Certamente são muito válidas as críticas desenvolvidas por Buarque de Holanda a inadequação e antagonismo do comportamento cordial ou da pessoalidade presente no ordenamento do Estado brasileiro. Entretanto, é preciso ressalvas a fundamentação ideológica do