Qualquer coisa

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Reciclagem, consumo consciente, sustentabilidade, responsabilidade social – palavras e conceitos que fazem parte de um vocabulário cada vez mais desgastado em torno da necessidade de se rever as práticas de consumo que marcam o mundo contemporâneo e a imensa quantidade de lixo que estamos produzindo. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicado pela Abrelpe (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), foram produzidos 60,8 milhões de toneladas de lixo no país, só no ano de 2010.

Slogans como “cada um faz a sua parte” compõem o marketing de empresas e indústrias. A reciclagem, por sua vez, tende a ser apontada como a principal solução para o problema, enquanto a produção do lixo tende a ficar em segundo plano ou sequer ser discutida. “A reciclagem é um bom conceito. Mas não adianta investir nisso sem, ao mesmo tempo, questionar o modelo de produção e consumo que temos, e que ainda é o da aquisição e descarte permanente de produtos. É como se a reciclagem funcionasse como garantia de que é possível consumir mais e mais”, diz Luciane Lucas dos Santos, socióloga e pós-doutoranda do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal.

A obsolescência programada – quando produtos são concebidos pela indústria para se tornarem inutilizáveis num curto prazo de tempo – é expressão da lógica de consumo vigente, marcada pela aceleração, pela busca do novo, pela urgência e pelo desperdício. Paradoxalmente, acumulação e descartabilidade combinam-se na configuração da economia global: enquanto países africanos enfrentam crises humanitárias relacionadas à falta de alimentos e à fome, na Europa e nos Estados Unidos toneladas de carne, legumes e cereais são jogadas no lixo ou mesmo queimadas para que o preço dessas commodities mantenha-se elevado no mercado financeiro.

“A produção de lixo que temos hoje diz muito sobre o nosso modelo de desenvolvimento e, por isso, não é possível pensar o consumo desvinculado da

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