psique

Decidi que não quero mais ser feliz! Por algum tempo, ouvi, recorrentemente, de alguém querido, a afirmação: “eu sou feliz!”. E isso era dito com tanta ênfase e aplicação como fosse preciso para aprovar em um teste. Pensei então em tantas coisas boas que temos na vida e não sabemos aproveitar e reconhecer. Pensei também naqueles que pouco tem de material. Pensei ainda nas pessoas que amamos e que deixamos ao longo do caminho, mesmo que a lembrança sempre nos acompanhe. Mas principalmente me veio à mente as frases prontas e as fotos sorrindo, ditas sem pensar e feitas sem sentir, que nos exibem insistentemente, por ali e por aqui.
Não há nada mais complexo do que nós seres humanos, e ainda temos de ser felizes sempre? Mais que isso, além de ser feliz, temos que publicizar e convencer. Sempre acreditei que mais importante que chegar a algum lugar, é o caminho que percorremos. Cheios de erros, tropeços e saltos, ele sim vai nos mostrando quem realmente somos (ou vamo-nos tornando) e nos dando o tempo para aproveitar cada passo. Mas para aproveitar o caminho, precisamos ser bons observadores. Erramos e aprendemos. Ensinamos e aprendemos ainda mais.
É este caminho quem vai determinar se a flor que sopramos naquele início vai nos enfeitar e alegrar mais à frente. Ou se o galho que atiramos ao alto, cairá impiedoso, bem diante de nós. E a felicidade, onde fica? Fica nos detalhes. Pode estar na orquídea mais rara e cara, ou no eucalipto que surge por todos os lados. Depende de quem os vê. Pode estar nas raízes escondidas embaixo da terra ou no topo da árvore mais alta o qual nenhum jamais alcançará. A felicidade está, enfim, nos olhos, nas mãos, no estômago, no coração. Que marejam, tremem, vibram, batem mais forte.
A minha está em ver meu pai sorrindo como criança, minha irmã conquistando escadarias, ganhar dos meus cachorros uma lambida no meio da cara, saber que minha mãe cuida de mim mesmo que eu já tenha crescido, que meus amigos fazem jus ao título que lhes