Psicopatismo

16895 palavras 68 páginas
Olhando o lixão da cidade, Harry corria os olhos, curioso, para saber como era a vida das pessoas que, um dia, ele ouvira falar. “Quer acabar como elas?!”.
Sua mãe sempre dizia: “há pessoas que vivem no lixão da cidade”, e Harry, sempre que transitava próximo ao lixão, ficava curioso e intrigado para saber mais sobre essas tais pessoas.
Essa curiosidade que assombrava o pequeno Harry cresceu graças a sua mãe, uma mulher de meia idade asquerosa e mesquinha, que sempre falava mal das pessoas que contribuíam para a sociedade coletando os “lixos” reutilizáveis.
Harry, um dia, confrontou sua mãe e lhe disse:
- Por que fala mal dessas pessoas, mamãe?
- Porque elas são repugnantes! Quer acabar como elas, Harry?
Harry, assustado, respondeu:
- Não! Nunca mamãe!
- Bom garoto! Agora vá escovar os dentes, você precisa dormir.
Harry, desapontado com a resposta, escovou os dentes o mais rápido que pôde, para poder deitar-se logo e imaginar como seria a vida dessas pessoas que sua mãe tanto odiava.
- Boa noite, Harry.
- Boa noite mamãe.
- Não está com medo do escuro?
- Não mamãe.
Sua mãe apagou as luzes e fechou a porta.
Aquele breu denso nunca assustou Harry, pelo contrário, agradava o pequenino.
- Por que vocês vivem aí?
- Somos obrigados.
- Por quem?
- Por todos.
- Todos... quem?
- Toda a cidade.
- Por quê?
- Como eu disse, somos obrigados.
Harry foi acordado aos berros. Sua mãe gritava para que ele viesse tomar o café da manhã.
- Eu tive um sonho.
- Sonho?
- É mamãe. Sonhei que estava no lixão.
Sua mãe arregalou os olhos.
- No lixão?!
- É.
Sua mãe deu-lhe uma bofetada, cujo barulho foi tão alto, que lembrava um prato de vidro caindo ao chão.
- Por que fez isso mamãe? – Os olhos do assustado Harry encheram-se de lágrimas ao dizer aquilo.
- Você fez uma coisa muito ruim, Harry – disse ela, em tom reprovador.
- O quê? – disse com a mão no lado esquerdo da face toda vermelha.
- O lixão, Harry! Por que tinha que sonhar logo com o lixão? –

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