psicologia juridica

5426 palavras 22 páginas
Relatos de pais enlutados: a dor posta em discurso
Tatiana Piccardi
Doutora em Letras pela USP (São Paulo, Brasil). Pesquisadora colaboradora no Departamento de Lingüística/IEL/UNICAMP (Campinas, Brasil). e-mail: tpiccardi@gmail.com

Resumo: O texto analisa relatos de pais enlutados e os processos de (re)construção da subjetividade em discurso, após a vivência da morte do filho. Observa-se que o ato de narrar a morte e o morrer do filho pode ser considerado ato de fala com força ilocucionária de caráter “curativo”, na medida em que, pelo narrar, o sujeito reconstrói o sentido da vida e coopera na
(re)construção do sentido da vida de outros pais enlutados com quem dialoga.
Palavras-chave: ato de fala ilocucionário – discurso – dor – luto – subjetividade.

1. Introdução
Um dito de autor por mim desconhecido nos diz: “Quando os fios que tecem nossas vidas são violentamente rompidos, somente as mãos do tempo podem cerzir as malhas rasgadas. É preciso dar tempo ao tempo”. Eu diria, complementarmente: é preciso dar espaço ao narrar...
Este trabalho propõe-se a estimular reflexões sobre os sentidos da dor posta em discurso por meio da observação da prática lingüística em um contexto bastante específico: encontros de pais enlutados. Optei por selecionar dois desses encontros e analisar as pequenas narrativas aí construídas. A abordagem teórica de fundo é a pragmática que se origina em Austin (1975). Para explicar alguns movimentos dessas narrativas, aproprio-me de alguns conceitos de Lacan, conforme elaborados por Zizek (2006), e por mim ajustados.
2. Relatos de pais enlutados: a dor posta em discurso
A cada dois meses aproximadamente um grupo de cerca de vinte mães e um pai enlutados se reúne para conversar sobre a vivência que tiveram, sobre os sentimentos que os monopolizam – de vários tipos, em meio à dor comum – e sobre as formas que cada um deles encontra de sobreviver à dor da perda do filho. O grupo1 surgiu com o objetivo de ser um espaço

Relacionados

  • Psicologia jurídica
    266 palavras | 2 páginas
  • Psicologia e psicologia jurídica
    2349 palavras | 10 páginas
  • Psicologia jurídica
    3707 palavras | 15 páginas
  • Psicologia Jurídica
    5506 palavras | 23 páginas
  • Psicologia Jurídica
    2451 palavras | 10 páginas
  • Psicologia jurídica
    3318 palavras | 14 páginas
  • Psicologia Jurídica
    4325 palavras | 18 páginas
  • Psicologia juridica
    497 palavras | 2 páginas
  • Psicologia Jurídica
    1004 palavras | 5 páginas
  • Psicologia Jurídica
    2707 palavras | 11 páginas