Protestantismo

Protestantismo no Brasil

ANTONIO GOUVÊA MENDONÇA é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

ANTONIO GOUVÊA MENDONÇA

Um caso de religião e cultura
“[...] uma coisa é certa: a noção de que a religião ajusta as ações humanas a uma ordem cósmica imaginada e projeta imagens da ordem cósmica no plano da experiência humana” (Clifford Geertz, A Interpretação das Culturas).

1 Nota de Eugenio Imaz, em: Troeltsch, 1951, p. 7.

e concordarmos com o renomado historiador e sociólogo alemão da virada do século XIX para o XX, Ernst Troeltsch (1865-1923), que a ciência está condicionada ao espírito do cientista, temos de admitir em seguida que o mesmo se dá com a história. Assim, evitamos que pensemos ciência em termos exclusivos de ciências da natureza. Acrescenta então Troeltsch (1951, p. 10): “Também a história, em meio aos seus empenhos pela exatidão, objetividade e pesquisa de detalhes, está vinculada aos mesmos pressupostos”. Em sua importante obra, talvez a principal delas, The Social Teaching of the Christian Churches (1912), Troeltsch faz um balanço do cristianismo no oeste da Europa no dealbar do século XX. A passagem do século se caracterizava pelo otimismo progressista, do qual Troeltsch não compartilhava porque via nesse período, na civilização ocidental, crise e confusão culturais, assim como a fragmentação dos fundamentos intelectuais sobre os quais o cristianismo ocidental fora construído. Troeltsch se permite ver e pôr em relevo, por causa de sua origem protestante, “em que medida a origem, o desenvolvimento e as modificações do cristianismo se acham determinados pelas condições sociais”1. Sem dúvida que, tanto em The Social Teaching como em El Protestantismo y el Mundo Moderno, Troeltsch está se referindo particularmente ao protestantismo. Para Troeltsch, bem como para outros teólogos protestantes liberais envolvidos pelo relativismo histórico entre as religiões, movimento conhecido como escola da história das religiões, o ponto