Professora
O valor de educar 1
cepticismo sobre tudo o que se apresenta
Fernando Savater
aspirando a uma concepção global do mundo.
Essas pretensões totalizantes já, muitas vezes, derivaram para o totalitarismo e em qualquer caso
controvérsias
estão
sempre
intermináveis
sujeitas
que
o
a afã politicamente correcto do dia-a-dia prefere deixar abertas para que cada qual escolha a seu gosto. Em sociedades multiétnicas — e cada vez serão mais — resultam perigosas ou pelo menos delicadas as excursões até às origens. Quanto aos fins, sejam estes políticos ou estéticos, tão-pouco parecem fáceis de executar. É mais seguro deter-se sobre os meios, zona temperada da
1. Para uma Humanidade sem humanidades? instrução, e no sólido território do pragmatismo, em que a grande maioria costuma coincidir.
No campo da educação, um fantasma é o hipotético desaparecimento das humanidades dos planos
de
especialidades
estudo,
técnicas
substituídas
que
por
mutilarão
as
gerações futuras da visão histórica, literária e filosófica, imprescindível
para
o
cabal
desenvolvimento da plena humanidade (…).
A questão merece ser considerada com alguma detenção, porque a própria reflexão sobre o ensino que queremos ou que recusamos nos obriga também a meditar sobre a qualidade da própria cultura em que hoje nos inserimos.
Em certo sentido, o temor parece bem justificado.
Os planos de ensino em geral tendem a reforçar os conhecimentos científicos ou técnicos que, supostamente, terão
uma
utilidade
prática
imediata, isto é, uma aplicação laboral directa.
A inovação permanente, aquilo que é uma descoberta recente
ou
tudo
quanto
abre
passagem para a tecnologia do futuro gozam do maior prestígio, enquanto a rememoração do passado ou as grandes teorias especulativas
Além disso, nalguns países como a Espanha, onde um