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O conceito de linguagem em Bakhtin

Luis Filipe Ribeiro

Indagar-se sobre os conceitos na obra de Mikhail Bakhtin é sempre um desafio, pois sabe-se que aí está tudo em movimento permanente e não há terreno sólido para as construções formais. Mesmo porque, se há alguma coisa que caracterize o seu pensamento, essa alguma coisa é uma adesão inconteste à filosofia do movimento. Nada é, em sua obra, definitivo, nada está estabelecido permanentemente, tudo oscila com as alterações do quadro histórico, em que as ações humanas se desenrolam.
Minha proposta, hoje, é tentar alinhavar em linhas gerais como seu pensamento trabalha com a linguagem.
Este é um terreno minado, pelas muitas teorias e filosofias que dele se ocuparam. Mas, tanto melhor, pois será do diálogo de tantas vozes discordantes que poderá surgir uma possibilidade de entendimento desse fenômeno que é absolutamente central tanto na vida social, como na nossa existência pessoal.
Talvez, uma primeira aproximação possa ser feita com pensamento com o de Ferdinand de Saussure, fundador da lingüística tradicional. Este, ao aproximar-se do fenômeno da linguagem, assim se expressa: Mas, o que é a língua? Para nós ela não se confunde com a linguagem, ela é apenas uma parte dela, essencial, é verdade.
É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para possibilitar o exercício de tal

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faculdade pelos indivíduos. Considerada em sua totalidade, a linguagem é multiforme e heteróclita; cavalgando sobre diferentes domínios, ao mesmo tempo físico, fisiológico e psíquico, ela pertence ainda ao domínio individual e ao domínio social; ela não se deixa classificar em nenhuma categoria dos fatos humanos, e é por isso que não sabemos como determinar sua unidade.
A língua, ao contrário, é um todo em si mesmo e um princípio de classificação. Uma vez que nos lhe atribuímos o primeiro lugar entre os fatos da

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