Presciência divina e o livre arbítrio

Um dos maiores dilemas da filosofia é conseguir consolar dois conceitos: A presciência divina e o Livre Arbítrio. Ambos os conceitos parecem opostos e contrários, de modo que, se desde a eternidade a Providência conhece antecipadamente não apenas as ações dos homens, mas também seus pensamentos, desejos e até mesmo seu futuro (presciência divina), não haverá nenhum livre-arbítrio. Portanto não há a mínima possibilidade do homem fazer suas próprias escolhas ou nenhum desejo e ação poderá divergir daquilo que a presciência perfeita de Deus previu, pois se aquilo que Deus previu pode ser mudado e tornado diferente de como foram previstos, não existirá nenhuma presciência certa do futuro, mas apenas uma opinião incerta, o que não se encaixa em algo divino. Sendo assim, aquilo que Deus previu, inevitavelmente deve acontecer. Neste caso, então, a presciência de Deus destrói o livre-arbítrio humano.
Observando por outro ponto de vista, se o livre-arbítrio existir, você é completamente livre para fazer qualquer escolha a qualquer tempo. Com o livre-arbítrio, sua decisão é imprevisível, e não há como Deus conhecê-la previamente. Ele poderia prever alguma ação, porém até o momento exato de você exercê-la, sua decisão pode mudar várias vezes, uma vez que você é totalmente livre para isso, o que torna a previsão de Deus falha, uma vez que Deus não pode falhar, já que é perfeito. Neste caso, o livre-arbítrio humano destrói a presciência divina.

Além de ambos os conceitos se anularem, outra problemática é o fato de que de a presciência divina permite que Deus já saiba não só da decisão, mas também do fim que nos aguarda como consequência de nossos atos "voluntários", o que entraria no livre arbítrio antes anulado. Tudo, a princípio, parece ocorrer por necessidade, uma vez que, não só as causas, mas também todos os efeitos já são do conhecimento de Deus.

A dificuldade apresentada não se resume apenas na discussão sobre a presciência divina e o livre arbítrio. A