Preconceito Linguístico - Marcos Bagno

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. Edições Loyola. São Paulo, 1999.

Poeta, tradutor, professor e escritor, Marcos Bagno nasceu em Cataguases (MG), em 21 de agosto de 1961. É professor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília e doutor em filologia e língua portuguesa pela Universidade de São Paulo. Dentre os mais de 30 títulos publicados, entre literatura e obras técnico-didáticas, Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz,1999, é uma obra que se destaca por seu discurso em favor de uma educação linguística voltada para a inclusão social e pelo reconhecimento e valorização da diversidade cultural brasileira. O autor expõe, com muita seriedade e liberdade de expressão, a mitologia do preconceito lingüístico e em seguida reflete sobre os meios mais adequados para o combate deste preconceito dentro da esfera escolar.
Segundo Bagno, este preconceito, muito presente na cultura brasileira, está ligado em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. No início do livro, o autor compara essa diferença e as adaptações/diversificações da língua, a um igapó:

Na Amazônia, igapó é um trecho de mata inundada, uma grande poça de água estagnada às margens de um rio, sobretudo depois da cheia. Parece-me uma boa imagem para a gramática normativa. Enquanto a língua é um rio caudaloso, longo e largo, que nunca se detém em seu curso, a gramática normativa é apenas um igapó, uma grande poça de água parada, um charco, um brejo, um terreno alagadiço, à margem da língua. Enquanto a água do rio/língua, por estar em movimento, se renova incessantemente, a água do igapó/gramática normativa envelhece e só se renovará quando vier a próxima cheia.

Para analisar como se constrói o preconceito linguístico, a primeira parte do livro relaciona oito mitos que revelam o comportamento preconceituoso de certos segmentos instruídos da sociedade em virtude às variantes no uso da língua, e as