PProjeto Piquiá de baixo

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National Geographic Brasil em Açailândia Em uma manhã de sábado, eu e o fotógrafo Izan Petterle estamos entre eles. Partimos de Marabá com destino a Açailândia. A viagem de oito horas tem seu ápice quando vendedores de carne de tatu com bacias na cabeça aproveitam a parada no meio do caminho para invadir os vagões.
A chegada a Açailândia revela uma cidade nova, emancipada em 1981, hoje com 105 mil habitantes – três vezes menos que as cabeças de gado que fazem dela a dona do maior rebanho maranhense. São poucos anos de vida oficial e muito dinheiro: a segunda maior arrecadação do estado. Fica difícil entender por que o esgoto corre a céu aberto em pleno centro comercial.
Tudo ali é ainda mais incompreensível quando vamos ao parque industrial de Piquiá, onde funcionam cinco usinas: Ferro Gusa do Maranhão (Fergumar), Gusa Nordeste, Companhia Siderúrgica Vale do Pindaré (da Queiroz Galvão), Siderúrgica do Maranhão (Simasa) e Viena Siderúrgica. Mil pessoas estão acomodadas em uma área vizinha das siderúrgicas em um bairro pobre conhecido como Piquiá de Baixo.
Lá, adultos e crianças convivem com montanhas de carvão, formadas pela moinha, sobra da siderurgia depositada durante anos pela empresa Gusa Nordeste. Queimaduras são comuns no material inflamável e já houve acidentes fatais.
A poeira ainda invade as casas e dificulta tarefas simples, como cozinhar. Para impedir que o almoço seja servido com pedaços de fuligem de carvão, uma senhora relata que, enquanto fatia bifes, suas filhas abrem guarda-chuvas a seu redor. A roupa também não fica limpa, seja no varal, seja em contato com a água contaminada retirada de um lago. Problemas respiratórios são conhecidos por todos. Piquiá é a expressão mais dramática das contradições do polo Carajás.
No avião a caminho de São Paulo, penso em tudo o que vi e tento imaginar o futuro dessa região amazônica. Sentado na poltrona ao lado da janela, busco pensamentos otimistas e recordo os avanços sociais, a coragem de homens

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