Portugal E A Crise
No caso português, as últimas estimativas apontam já para uma despesa do Estado com encargos decorrentes dos custos da dívida pública, em 2011, da ordem dos 7134 milhões de euros, mais 808 milhões de euros do que o montante previsto no Orçamento de Estado (OE) para 2011, aprovado no final do passado mês de Novembro.
Para termos uma ideia do que significa este previsível agravamento das condições de financiamento da nossa dívida pública, diga-se que esta verba de 808 milhões de euros é equivalente a quase toda a poupança resultante do corte de 5% na massa salarial da Função Pública, ou a 80% das receitas extraordinárias decorrentes do aumento do IVA. Com este agravamento, a taxa de juro implícita na nossa dívida pública subirá dos 3,9%, previstos pelo Governo no OE para 2011, para 4,5%, como prevê a Comissão Europeia.
É hoje praticamente inquestionável que a crise financeira internacional, cujos primeiros sinais mais visíveis surgem em Agosto de 2007, levou a que grande parte dos países interviesse em salvação dos seus sectores financeiros e, quer salvando bancos da falência, através da sua «nacionalização», quer funcionando como garante internacional dos seus empréstimos, a maior parte dos Estados aumentou consideravelmente os seus níveis de endividamento. Ao fazê-lo, e utilizando como argumento o impacto sistémico que a falência de muitos bancos por esse mundo fora teria sobre as economias mundiais, os governos impuseram que o pagamento dos resultados da especulação financeira desenvolvida nas últimas décadas pelo sector financeiro fosse feito pelas suas vítimas, os trabalhadores.
Administrações Públicas: despesas, receitas e défice/excedente público
Anos
Despesas das AP
Receitas das AP
Défice/Excedente público 1995
37.951,2
33.340,8
-4.610,4
1996
40.712,0
36.241,9
-4.470,1
1997
43.448,8
39.657,0
-3.791,8
1998
47.559,7
42.674,1
-4.885,6
1999
50.909,5
47.283,9
-3.625,6
2000
54.783,2
50.653,2
-4.130,0
2001
59.918,1
53.413,9
-6.504,2