POR UMA CONTRA-ESTRATÉGIA DE CONSERVAÇÃO ENTRE A INDETERMINAÇÃO DAS ORIGENS E A MANUTENÇÃO DO DEVIR

3910 palavras 16 páginas
GUILHERME RODRIGUES BRUNO

POR UMA CONTRA-ESTRATÉGIA DE CONSERVAÇÃO ENTRE A
INDETERMINAÇÃO DAS ORIGENS E A MANUTENÇÃO DO DEVIR

Artigo apresentado para Avaliação da Disciplina de Estratégias de Conservação e Restauro do Programa de Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas.

Prof. Dr. Lúcio Menezes Ferreira

PELOTAS
2009

RESUMO:

Este artigo procura contornar os aspectos teóricos que estariam na base de uma estratégia de conservação patrimonial: a relação entre o corpo e a construção da realidade, o papel da arte neste processo e na resistência a virtualização da realidade pelo mercado. A partir da fictícia hipótese de abreviação do passado, arbitrando a origem dos tempos em uma data recente, o artigo conecta a função dos mitos de origem à relação dos indivíduos e sociedades com o corpo humano e sua memória, na seqüência critica os usos que as instituições Estado e capital fazem desta relação, por fim, defende a expressão artística como principal instrumento de uma contra-estratégia de preservação, baseada em deslocamentos memoriais constantes, oportunidade cada vez mais rara de ruptura com a avassaladora virtualização (e superficialização) do mundo real. O artigo não chega a aprofundar cada um dos itens que procura conectar, nem tampouco descreve os mecanismos práticos (políticos, legais, sociais etc.) que poderiam ser acionados para promover sua proposta de “contra-estratégia”, mas a idéia central talvez seja justamente delinear os fundamentos teóricos que antecedem e justificam a ação, e que, normalmente, são esquecidos.

1. UMA SOLUÇÃO HIPOTÉTICA PARA O CONFLITO DE ORIGEM
Suponha-se o seguinte argumento de uma ficção surrealista: De repente todos os marcos da memória social, anteriores a 19501, somem do mapa; todos os monumentos, construções, objetos, roupas, costumes e tradições

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