POLITICA E RELIGIÃO

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“A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. A civilização ocidental esperou até o início da Idade Moderna para que esse ensinamento cristão se traduzisse nas teorias de constituição do Estado, a partir dos conceitos de secularização desenvolvidos pelos contratualistas, tendo em Hobbes a principal referência. Separa-se o trono do altar, a Igreja do Estado, o poder invisível (espiritual) do poder visível (temporal, do Estado), representando uma conquista civilizatória.

Ninguém questiona a importância de um Estado laico, plural, tolerante, republicano, para que possa agir de maneira independente na defesa do bem comum. Os valores trazidos pela secularização têm essa dimensão republicana, tão cara às democracias modernas. Mas reconhecer isso não nos impede de perguntar: em que medidas estamos correndo o risco de distorcer o conceito e usar a defesa de uma pretensa secularização para promover um esvaziamento ético e espiritual da vida pública?

Uma coisa é estabelecer campos distintos entre Igreja e Estado e assim deve se organizar a vida pública. Isso não pode implicar em banir a dimensão espiritual, eliminar a possibilidade de trocas entre os vários campos da mesma vida pública. Dizia Hannah Arendt, ao analisar historicamente esse processo de separação em seu livro A Condição Humana: “a secularização significa separação entre Igreja e Estado, entre religião e política (...) e não uma perda de fé e transcendência ou um novo e enfático interesse nas coisas do mundo”.

Se fizemos muito bem em buscar os limites que separam, de maneira clara, Igreja e Estado, penso que muito bem também fazemos se aceitarmos o desafio de continuar a pensar como, respeitando os princípios da secularização, religião e política se integram. Se está claro o que os separa, também claro deve estar o que os une, já que ambos se pautam pelo compromisso com a vida. Todas as tradições religiosas têm na defesa da vida seu mais elevado objetivo. E o que media a construção de um

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