Poesia lírica

Ao falar-se de poesia lírica, não se pode apreender o seu verdadeiro sentido sem o relacionar com a criação poética. Esta, sendo susceptível a várias interpretações, vai contribuir para uma difícil definição do que se entende por poesia lírica. Deste modo, ao falar-se de poema lírico, deve ter-se em conta de que ele é o resultado de um trabalho sobre o manuseamento da “língua” e de todos os recursos estilísticos que ela faculta. Ao longo dos tempos, a poesia lírica esteve sujeita a várias solicitações doutrinárias, no que diz respeito à sua natureza e às funções que desempenhava. Foi, a partir do romantismo, que se difundiram valores, os quais contribuíram definitivamente para a “libertação” da palavra poética. A concepção que têm os românticos da linguagem poética está intimamente relacionada com a estética transcendental que defendem: preferem a essência, isto é, o espiritual, o emocional e o profundamente universal, sobre a forma, que confundem quase automaticamente com o artificio, a inteligência, a objectividade e racionalismo. A forma converte-se num meio secundário e dúctil que se transforma e transfigura de acordo com as exigências da própria essência.
“las obras nacen de una apropiación de la forma, aunque sean bellas, serían obras sin belleza alguna, puesto que lo único que da la belleza a la obra de arte, a su conjunto, no puede ser la forma, sino algo que está más allá de la forma: la esencia, lo universal, la mirada y la expresión del inmanente espíritu natural “ (1)
Este transcendentalismo teórico condiciona, por um lado, a negação do estilo clássico, caracterizado como sendo pouco original, artificioso e parco em imaginação, e por outro lado, a rejeição de alguns recursos estilísticos tais como a perífrase, a hipérbole, a metáfora, a comparação e a personificação que, segundo os românticos, apresentam uma dose excessiva de retórica, formas rebuscadas que servem para expressar ideias conectadas com a razão e o pensamento lógico, sem qualquer