Poemas

O Romantismo em Portugal
Com a independência econômica do Brasil, a burguesia portuguesa que enriquecia com as exportações protegidas por baixas taxas alfandegárias, passa a enfrentar uma grave crise. Tentando retomar esse processo de enriquecimento, a burguesia volta-se contra os bens remanescentes da nobreza e do clero feudais, criando leis que lhe permitam ter acesso a extensões de terra na zona rural.
O poder dividia-se em dois partidos: o dos proprietários rurais, desejosos de medidas protecionistas que barateassem o crédito, e o da pequena burguesia industrial, voltada para os centros urbanos, onde se inicia um pequeno surto fabril.
O Romantismo foi introduzido em Portugal por Almeida Garrett, com a publicação, em 1825, do Poema Camões, obra que, apesar de não representar fielmente os ideais românticos, trás consigo algumas características desse movimento Literário.
Além das características gerais, convém destacar que o romantismo português caracteriza-se por um retorno ao passado. Trata-se da evocação saudosista de um passado de glórias, em que Portugal expulsava os mouros de suas terras e afirmava-se como nação. Surgem, então, os poemas inspirados no cenário da Idade Média.

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Barca Bela

Pescador da barca bela,
Onde vás pescar com ela,
Que é tão bela,
Ó pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Ó pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas a cautela,
Ó pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Ó pescador!

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela,
Foge dela,
Ó pescador!

(ALMEIDA GARRET, J. B. S. L. Folhas Caídas. In: MOISÉS, Massaud. A Literatura portuguesa através dos textos. São Paulo, Cultrix, 1968.p. 220-221.)
A cruz mutilada
Amo-te, oh cruz, até, quando no vale
Negrejas triste e só,
Núncia do crime, a que deveu a terra