Percepção da mudança
A percepção da mudança
As línguas humanas não são estáticas, elas mudam com o passar do tempo; e é esse dinamismo que constitui o objeto de estudo da linguística histórica.
As mudanças linguísticas, no entanto, se dão de forma lenta e os falantes geralmente não percebem que sua língua está mudando.
Por sua vez, as línguas escritas adotam uma forma padrão, que ao ser cultivada como sendo prestigiosa, ensinada nas escolas e prescritas como sendo mais correta, adquirem mais estabilidade, refreando – mesmo que temporariamente – mudanças na língua.
É importante, contudo, notar que:
Daí se dizer em lingüística [sic] histórica que nem toda variação implica mudança, mas que toda mudança pressupõe variação, o que significa, em outros termos, que a língua é uma realidade heterogênea, multifacetada e que as mudanças emergem dessa heterogeneidade, embora de nem todo fato heterogêneo resulte necessariamente mudança. (FARACO, 1991, p. 13)
A língua escrita e a mudança
É possível se detectar eventuais mudanças ao comparar a língua escrita com a falada. Dado o conservadorismo da primeira, torna-se possível a percepção de fenômenos em expansão na fala que não entraram na escrita, pelo “próprio fato de a escrita, realizando-se por meio de uma substância mais duradoura do que o som, ter uma dimensão de permanência que, em geral, falta à língua falada” (FARACO, 1991, p. 14).
Segundo Faraco pode-se estabelecer uma escala progressiva de implementação de mudanças:
[…] elas costumam se desencadear na fala informal de grupos socioeconômicos intermediários; avançam pela fala informal de grupos mais altos na estrutura socioeconômica; chegam a situações formais de fala e só então começam a ocorrer na escrita. (1991, p. 15)
É notável, no entanto, que a escrita permitiu, devido sua substância mais duradoura, o uso de recursos não