Para a crítica da vida cotidiana
Autor: José Paulo Netto
O autor analisa o tema do cotidiano no campo de reflexão do serviço social. Utilizando uma alternativa preciosa: a de uma apropriação séria e responsável do arsenal crítico da teoria social de Marx. Para esta análise foi estudado os trabalhos de G. Lukacs fundamentalmente quando o filósofo procurou embasar o que chamou de a peculiaridade do estético. Na ótica lukacsiana a vida cotidiana é insuprimível. Não há sociedade sem cotidianidade, não há homem sem vida cotidiana. Enquanto espaço-tempo de constituição, produção e reprodução do ser social, a vida cotidiana é ineliminável.
Para Lukacs as determinações fundamentais da cotidianidade são: a heterogeneidade; a imediaticidade e a superficialidade extensiva.
Segundo o autor é tempo de regressar o pretexto das disquisições ocasionais da vida cotidiana: a análise crítico-dialética da cotidianidade.
A problemática axial da vida contemporânea é bem diversa daquela que Marx conheceu diretamente; reside não casualmente no conjunto de processos e fenômenos conducentes a uma forma peculiar de alienação, a reificação, todos coincidem nessa diagnose: o típico da vida cotidiana contemporânea, aquela própria do capitalismo tardio é a reificação das relações que o indivíduo enquanto tal desenvolve.
A planificação global cobre a vida como um todo da distribuição (destruição) ecológica ao conteúdo do lazer, do controle da mobilidade da força de trabalho ao continuum instrução formal/informal etc. A organização capitalista da grande indústria morderna modela a organização inteira da sociedade macroscópica, impinge-lhe os seus ritmos e seus ciclos, introduz com a sua lógica implacável o relógio de ponto e os seus padrões em todas as microorganizações. Esta lógica generalizada afeta a todos inclusive aqueles que se arrogam o projeto de um romântico escapismo.
O caos imediato em que se configura o cotidiano da massa dos homens, porém, parece feito de coisas – mas não