para que serve a filosofia
Projeto leva questão sobre temas filosóficos para os cafés da cidade. Primeira edição acontece hoje, com debate sobre a utilidade do pensamento na sociedade capitalista.
Guaracy Araújo
Professores de filosofia são muitas vezes confrontados por seus alunos com uma incomoda questão, qual é a utilidade da Filosofia hoje? Tal pergunta já indica indiretamente o mundo em relação ao qual a filosofia terá de se posicionar. Afinal, poderíamos responder a essa pergunta com outras por que a Filosofia deveria servir para alguma coisa? Por que hoje as atividades humanas devem ser justificadas por uma pretensa utilidade ou serventia?
Talvez a resposta encontre-se em um dos traços fundamentais do capitalismo, que define em grande medida nosso horizonte econômico social, político e cultural. Sabemos que esse modelo econômico transforma tudo: bens, serviços atividades – em mercadoria. Assim, o status e valor que se dão a qualquer coisa são medidos por seu potencial de venda, e as atividades culturais se transformam em produtos disseminados por uma indústria cultural. Mas a filosofia que se afasta e questiona os gostos e opiniões da maioria, quase nunca é um bom produto para as vendas. Decorre daí sua inserção algo marginal e limitada no mundo capitalista.
Mas se tal afirmação fosse levada as últimas conseqüências, a filosofia provavelmente teria deixado de existir nos primeiros séculos da ascensão do capitalismo. Afinal, e apesar das opiniões em contrário, a filosofia é algo tão perecível quanto qualquer outra atividade humana, e pode tanto ocorrer quanto desaparecer. O que viabilizou sua sobrevivência? Em primeiro lugar, sua participação mais ou menos ativa na vida pública dos últimos séculos, pelo menos até a primeira metade do século XX. Em segundo lugar, e principalmente, ela manteve-se viva baseando-se nas instituições de ensino e em particular nas universidades.
É verdade que desde a Antiguidade a filosofia está presente no espaço