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Sobre a casa que fez para si no bairro do Butantã, em São Paulo, Paulo Mendes da Rocha disse ter sido ela pensada como “um ensaio de peças pré-fabricadas” (1). A estrutura modulada, o detalhamento mínimo (um só caixilho para todas as aberturas, por exemplo), o sistema estrutural simples e rigoroso, com apenas quatro pilares, duas vigas mestras e lajes nervuradas, foram citados pelo arquiteto como índices de uma racionalidade que se procurou imprimir ao projeto, num momento em que a discussão sobre a pré-fabricação ganhava amplitude no Brasil.
A casa foi projetada em 1964 e concluída em 1966. Sua construção acompanhou o acirramento do clima político no país e deu-se em meio a uma discussão sobre o processo de industrialização brasileira que se alargou na esteira das obras de Brasília, de par com a aceleração da expansão urbana (2) e a disputa entre diferentes modelos de desenvolvimento para o país. Dentre os problemas que então se colocavam para os arquitetos brasileiros estava o desafio de testar soluções projetuais capazes de permitir um salto decisivo para a construção em massa de uma arquitetura de qualidade. Daí o investimento em pesquisas tecnológicas, a busca de soluções econômicas, a ênfase na organização do canteiro e a preocupação política e programática com a habitação de baixa renda, temas centrais de um debate que, mesmo quando forçado por uma orientação mais ideológica que técnica, conduziu a um repertório significativo de experiências arquitetônicas com as quais a residência Paulo Mendes da Rocha a princípio se alinha.
Logo nos damos conta, porém, que o feixe de questões que atravessa tal produção projetual é aqui acolhido seletivamente e elaborado de maneira muito pessoal. A começar pelo fato de estarmos diante de um projeto e duas casas: duas casas iguais (com variações mínimas em termos de planta), construídas em lotes contíguos e simultaneamente, para o arquiteto e sua irmã. Ao contrário, portanto, do que podemos ser levados a crer pelas

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