Otelo

Introdução.
Em 1604, a peça “Otelo” tem suas primeiras representações. Complexa, densa e sempre contemporânea, a obra reflete toda a dinamicidade do sentimento humano. A articulação emocional da trama e a visão de bem e mau, confere aos personagens um caráter altamente indefinido, onde o espetáculo é incapaz de antipatizar-se com o antagonista da peça. William Shakespeare, um gênio da literatura mundial, trata do preconceito em pleno século XVI, em uma peça polêmica cujo texto clássico perpetuou durante os séculos. A linguagem manejada com maestria traduz a alma humana e o livro caracteriza-se como tragédia por apresentar características como a infidelidade, desejo desmedido pelo poder, traição e a presença da morte. Nesta curta análise procuramos analisar alguns aspectos da peça e comentar sobre a impossibilidade de uma palavra final em despeito da obra Shakespeariana.

Otelo X Iago
O protagonista e o antagonista da peça “Otelo”, possuem uma representação peculiar. O leitor muitas vezes é levado a admirar o anti-herói, mais um ponto que particulariza a tragédia e a torna objeto de estudo.
A princípio, têm-se a idéia de que o ciúme surge somente a partir de Otelo e o orgulho exclusivo de Iago, contudo, analisando a peça como um tudo, vê-se que os dois personagens têm essas características psicológicas em comum.
Iago é levado a tramar um maquiavélico plano a partir dos ditos sentimentos, o ciúme pelo boato de que Otelo havia dormido com sua mulher, e o orgulho ferido por um mouro comandá-lo, que além de ter um cargo superior, escolheu Cássio em detrimento de Iago para o cargo de tenente.
Otelo é envolvido na trama pelo seu ciúme infundado.
“Que é isto? Acreditas que viveria uma vida de ciúmes, sempre esperando as mudanças da lua com novas suspeitas? Não! Para mim, ficar em dúvida, é ficar resolvido. Chamem-me de bode quando entregar minha alma às suspeitas vagas e ocas