Os deuses devem estar loucos

VYGOTSKY & PIAGET
(Traçando um Paralelo)

Piaget dá ênfase ao sujeito, na interação com o meio: Vygotsky enfatiza o objeto social, na medida em que influencia o sujeito.
Para Piaget, o prioritário é a ação (estruturas operatórias do pensar); Vygotsky prioriza o contexto lingüístico (linguagem e pensamento acontecem concomitantemente).
Para Piaget, vem primeiro os mecanismos interiores que impulsionam o homem a conhecer o meio; para Vygotsky, em primeiro lugar está o social, a relação entre as pessoas.
Para Piaget, é importante o estudo da gênese do conhecimento científico e dos quadros lógicos matemáticos (número, espaço, tempo); para Vygotsky, importa o estudo da gênese das funções da linguagem (formação de conceitos, memória...) O projeto primordial de Piaget foi estabelecer uma epistemologia genética, em que a Psicologia e, especialmente, a Psicogênese constituiu um meio para estudar as formas primitivas de conhecimento.
Na década de 70, Piaget aprofunda o estudo sobre equilibração, distinguindo diferentes tipos ou níveis de regulação. A equilibração é um fator endógeno, que através do jogo das compensações a introduzir e das lacunas a preencher, constitui o principal motor da formação das estruturas operatórias; o processo de abstração reflexiva age em colaboração com as regulações de diferentes tipos e intervém igualmente no desenvolvimento do conhecimento.
Piaget viveu no contexto suíço, onde havia estabilidade sócio-econômica e cultural; Vygotsky viveu no contexto russo, conturbado sócio, econômico e politicamente.
Piaget era biólogo, epistemológico; já Vygotsky era semiólogo.
Um dos pontos divergentes entre Piaget e Vygostky parece estar basicamente centrado na concepção de desenvolvimento. A teoria piagetiana considera-o em sua forma retrospectiva, isto é, o nível mental atingido determina o que o sujeito pode fazer. A teoria vygostkyana considera-o na dimensão prospectiva, ou seja, enfatiza que o