Olá oi8 xau

1843 palavras 8 páginas
Sobre o Relativismo Cultural |

Por Renato Ortiz |

O livro de Franz Boas, The Mind of Primitive Man, abria com uma imagem cartográfica do globo terrestre: uma diversidade de povos, culturas, idiomas e costumes distintos. Ao lado dos europeus e de seus descendentes, contrastam os chineses, os nativos da Nova Zelândia, os negros africanos, os indígenas americanos, cada lugar com o seu modo de vida peculiar. A paisagem é a fotografia de uma época, o planeta seria um conjunto de nódulos distintos, países, civilizações, grupos diversos. O "nós" europeu ocuparia apenas uma faixa de sua extensão, restariam muitas outras, afastadas de sua maneira de ser. A imagem proposta descreve o planeta como um emaranhado de pontos discretos, cada um deles constituiria uma identidade específica. A câmera antropológica captava a territorialidade desses espaços descontínuos. Muitas vezes esta perspectiva (no sentido arquitetônico do termo) se projeta sobre o mundo atual. Novamente, ela prescinde da idéia de situação, cada cultura desfrutaria de uma inteireza absoluta. Basta, porém, imergi-la nas contradições reais da história para percebermos que o particular é sempre tensionado pelo contexto no qual se insere. A situação de globalização redefine as partes, desde as mais "tribais" às nações mais industrializadas. Neste sentido, não há como escapar à sua dimensão comum. E não se trata de uma escolha ou de uma visão etnocêntrica do mundo, o processo é mundial, penetra e atravessa as diferenças sociais e culturais à despeito de suas especificidades. As questões "comuns", "gerais", não decorrem necessariamente de uma filosofia universalista, elas existem por que as diferentes sociedades estão situadas numa teia de relação de forças (são subalternas ou dominantes) que as transcendem e as determinam (os direitos humanos não são universais, mas pertencem ao destino comum no âmbito da modernidade-mundo).

As sociedades são relacionais, nunca relativas. Seus territórios são invadidos

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