Obra di Malnadro

892 palavras 4 páginas
Ópera do Malandro
Chico Buarque

Chico Buarque cria uma trama dramatúrgica que leva para o bairro da Lapa no Rio de Janeiro da década de 1940, já na fase final do Estado Novo. Influenciam a trama o enredo desenvolvido por John Gay, em A Ópera do Mendigo, de 1728, e por Bertolt Brecht, em colaboração com Elisabeth Hauptmann, com música de Kurt, em A Ópera dos Três Vinténs, de 1928, um dos maiores sucessos da Berlim dos anos 1920. “O nosso trabalho tem a estrutura da pela de Gay, o enfoque crítico de Brecht, mas é essencialmente brasileiro”, explica Chico Buarque. Se John Gay escreve sobre a Boca do Lixo de Londres, e sobre a sociedade vitoriana inglesa do século XVIII, na versão brasileira, o que se vê em cena é a Lapa, “os bórdeis, os agiotas, os contrabandistas, os policiais corruptos, os empresários inescrupulosos”. A peça enfoca a rivalidade entre o comerciante, dono de bórdeis, Fernandes de Duran e o contrabandista Max Overseas. O embate entre os dois inimigos ganha intensidade quanto a filha de Duran, Teresinha de Jesus, casa-se, em segredo, com Overseas.
O enredo serve de pretexto, no entanto, para que se discuta o poder do dinheiro, a corrupção e a entrada das multinacionais no país. Na Ópera do Malandro se discute a decadência de um sistema econômico, social e político e as alternativas criadas por ele, com roupagem nova, para se manter no poder. A base, a estrutura desse sistema é a mesma, mais moderna e sofisticada. Assistimos ao fim do capitalismo liberal e à entrada no país do capital internacional, através das multinacionais. Se Brecht dramatiza as relações econômicas que configuram o capitalismo moderno, na versão brasileira da ópera também é o dinheiro o seu personagem principal. Nela, segundo Chico Buarque, “não há heróis, todos os personagens vivem em torno do capital. Na luta pela sobrevivência que não permite veleidades éticas eles estão em dois níveis: o dos que lutam para sobreviver e o dos que lutam para acumular. Na Ópera do Malandro

Relacionados