Não existe energia 100% limpa
Autor(es): Bruno Ferrari, de Berlim
Época - 06/06/2011
A fonte pode ser nuclear, hidrelétrica ou até bagaço de cana. Os países estão descobrindo que não há alternativa sem custo ambiental
A discussão sobre o risco de manter usinas nucleares como fonte de energia está encerrada na Alemanha. Na semana passada, uma coalizão dos três principais partidos alemães, sob o comando da chanceler Angela Merkel, decidiu que, até 2022, o país não usará energia nuclear. O debate sobre os riscos à segurança é antigo na Alemanha, mas ganhou uma repercussão inédita depois do acidente com a usina de Fukushima, no Japão. A medida atende aos anseios de boa parte da população. No dia 28 de maio, milhares de pessoas se reuniram em Berlim contra as usinas nucleares. Mesmo popular, a decisão tem um preço ambiental. Em um país com poucas opções energéticas como a Alemanha, desligar os reatores deve significar queimar mais carvão e gás natural nas usinas termelétricas do país. Isso aumentaria as emissões dos gases responsáveis pelas mudanças climáticas, a maior ameaça ecológica de hoje.
O dilema alemão mostra como é complexa a busca por energia em um mundo que consome cada vez mais, e enfrenta constrangimentos ambientais. Não existem soluções ideais. Nem entre as fontes consideradas mais limpas. Usinas hidrelétricas enfrentam resistências ambientais por seus impactos nos rios e nas florestas. A energia solar ainda depende de subsídios. As usinas eólicas usam grandes áreas e podem afetar aves migratórias. Diante da ameaça do clima, os países terão de, em alguns casos, assumir algum sacrifício ambiental. E, na falta de uma solução perfeita, distribuir a geração de energia em várias fontes diferentes. “Assim você dilui o impacto de todas elas”, diz o alemão Mario Tobias, secretário-geral do Instituto para Estudos Avançados de Sustentabilidade, sediado na cidade de Potsdam.
O Brasil está em uma posição mais confortável do que a maioria dos países do