Notas sobre a (in)Formação da Arte brasileira da década de 80
Nos anos 80, a midiatização generalizada da cultura em escala planetária, marca o colapso da noção de esfera pública moderna: a cultura de massas e a sociedade de consumo que, desde os anos 60/70, assediavam a Grande Arte consolidam sua hegemonia (de matriz norte-americana) sobre a alta tradição humanista européia: a arte completa sua transmutação em mercadoria. No Brasil, a situação é a seguinte:
O momento prometia: o ‘verão da abertura’ (1979-80) testemunhou o retorno dos exilados políticos do regime de 1964. Artistas e intelectuais, anistiados em geral, voltavam com grande entusiasmo, trazendo as últimas notícias culturais. O país tornara-se uma nação antiquada, criativamente pávida, de modo que a distensão foi comemorada com especial euforia artística. (...) As poucas produções nacionais das décadas de 60 e 70 muito se nutriram , não sem razão, das restrições ideológicas imputadas pelo regime ditatorial. Com o recrudescimento da censura em 1978, o ciclo das vanguardas brasileiras, iniciado em 1956 com o concretismo paulista, esgotou-se na tropicália. (BACH, 2001, p. 11-12)
Dentre as exposições da época, destacam-se aquelas que lançaram os principais artistas dos anos 80: “Pintura como Meio”; “Como Vai Você, Geração 80?”, 18a
Bienal de São Paulo e “Arte Híbrida”. A mostra pioneira “Pintura como Meio”
(MAC/SP) de 1983, concebida por Sérgio Romagnolo, apresentou trabalhos de
Sérgio Romagnolo, Leda Catunda, Ana Maria Tavares, Ciro Cozzolino e Sérgio
Niculitchef. Tadeu Chiarelli relembra essa mostra, afirmando que:
[...] pela primeira vez artistas recém-saídos das faculdades e/ou ateliês particulares são apropriados de maneira voraz pelo circuito e transformados, da noite para o dia, em ícones da nova situação artística. Nessa transformação rápida de alunos a símbolos de uma nova situação artística no país, muito colaboraram os cadernos de cultura dos grandes jornais