Nietzsche sobre Tales e Anaximandro

1.
Nietzsche considera que devemos levar com seriedade a proposição de Tales por, primeiramente, esta tratar da origem das coisas - e de forma não fabulosa, que não é feita por fábula ou imagem, como se fazia ao atribuir a origem a deuses, etc. Além destes motivos, ressalta a importância de tal teoria por esta apresentar o conceito “tudo é um”.
A primeira razão é considerada importante pois marca um início de tal questionamento na história do pensamento, não considerando os que trataram da questão relacionando-a ao divino. Já considerando-os, a importância da teoria se deve também a isto, pois Tales não faz uso de nenhuma imagem, nenhum ser senão a água, que explicaria a origem. É uma teoria baseada nas noções físicas, sem recorrer ao mítico. O último motivo importa também por criar uma série de pensamentos a partir deste - a teoria de que tudo o que existe vem de algo só (no caso do filósofo tratado, a água). Este pensamento gera uma corrente em que mais pensadores, posteriormente, irão definir o “um só” que gerou o “tudo”.
O filósofo alemão ressalta que Tales vinha de pensamentos científicos, mas não se ateve somente a estes. Nietzsche diz que o milesiano fora movido por uma “intuição misteriosa” que se é encontrada em todos os filósofos, portanto, que Tales chegara a essa suposição não somente por sua observações da natureza e noções físicas, mas que partiu do empirismo: tendo um alvo e “transpondo as cercas da experiência”, saltando adiante pelo pressentimento.

2. “Sua existência se torna para ele um fenômeno moral, que não se legitima, mas se penitencia, perpetuamente, pelo sucumbir.”
Nietzsche, em seu texto, relata que Anaximandro havia teorizado que tudo o que vive perece por ter propriedades determinadas. O sucumbir só se deve por estas qualidades, portanto o ser que não sucumbe - o Ápeiron - seria o ser que é “destituído de qualidades determinadas”, o ser que estaria acima do “vir a ser” e, dessa forma, nunca cessa este ato. Tal “indeterminado” (como