NEgrinho do Pastoreio
De Roberto Villani
PERSONAGENS: Narrador Negrinho do Pastoreio Estanceiro Filho do Estanceiro Juiz Nossa Senhora
ATO ÚNICO:
Ao início da apresentação, ouve-se música folclórica do Rio Grande do Sul, como fundo musical. Entram o Estanceiro e o Filho. O Estanceiro senta-se e toma chimarrão. O Filho acomoda-se ao seu lado. Pouco depois entra o narrador, que se dirige à frente do palco.
NARRADOR: (fala à platéia): Das lendas gaúchas, esta é talvez a mais bela. Há muito tempo, na época em que as estâncias eram filhas culturais sem cerca ou divisas, havia um Estanceiro muito mau. É a estória dele e de seu escravo, o Negrinho do Pastoreio, que vamos contar. O narrador sai, lentamente, enquanto que a ação passa para o Estanceiro e o Filho
ESTANCEIRO: (falando ao Filho): Infelizmente, Filho, tua mãe morreu. Vais ter que viver comigo, ajudando-me nos pampas.
FILHO: Devo cuidar dos escravos?
ESTANCEIRO – Sim, é como a tua mãe fazia.
FILHO – E o Negrinho do Pastoreio? Mamãe gostava dele, mas o senhor...
ESTANCEIRO – Tu deves aprender a tratar dos escravos como eu faço. Escravo não merece carinho. Eles nasceram para trabalhar pra nós...
FILHO – Devo, então ser mau?
ESTANCEIRO – Sim... Deve ser mau como os escravos os são,. Depois, nós temos dinheiro. Economizei muitas moedas de prata... Tu podes te considerar rico. E os ricos não dão importância aos escravos, senão como escravos.
FILHO – E como devo tratar o cavalo baio?
ESTANCEIRO – Com carinho. É nosso animal de estimação... (fala em direção aos bastidores) Negrinho! Aproxima-te! Rapidamente, o Negrinho entra e
Joga-se aos pés do Estanceiro.
ESTANCEIRO – Meu chimarrão acabou. Vá preparar outro. Mas antes, responda-me: destes água ao baio? Fizestes a limpeza dos potreiros? A noite se aproxima. Prepara-te para vigiar a