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3413 palavras 14 páginas
As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino

Em narrativas breves, As cidades invisíveis, de Italo Calvino põe em cena o veneziano Marco Polo descrevendo para o grande Kublai Khan as inumeráveis cidades que visitou em suas missões diplomáticas pelo império mongol.
Nesta obra Italo Calvino extrapola os fatos possíveis e imagina um diálogo fantástico entre "o maior viajante de todos os tempos" e o famoso imperador dos tártaros. Melancólico por não poder ver com os próprios olhos toda a extensão dos seus domínios, Kublai Khan faz de Marco Polo o seu telescópio, o instrumento que irá franquear-lhe as maravilhas de seu império. Polo então começa a descrever minuciosamente 55 cidades por onde teria passado, agrupadas numa série de 11 temas: "as cidades e a memória", "as cidades e o céu", "as cidades e o mortos" etc.
O desejo de Khan é montar o império perfeito a partir dos relatos que ouve. São lugares imaginários, sempre com nome de mulher Pentesiléia, Cecília, Leônia.
Muralhas. Torres. Bichos rastejantes, peçonhentos, repelentes. Brejos ao lado de cachoeiras. Mundos ínferos percebidos pelos sentidos. Estátuas de bronze. Cristais. Uma imensa amplitude de territórios cercados de maravilhas. Cidades imagináveis. Cidades-armadilhas. Sentimentos e desejos contraditórios, reprimidos e gozados. Anastácia. Entre uma cidade e outra não se fala dos espaços que as separam. Entre um território e outro os intervalos não são visíveis. Percorre-se continentes, mas o trajeto é desconhecido, só se sabe da partida e da chegada. Literatura fantástica? Sensações de estranhamento no leitor perante o fascínio pelas aventuras que essas estranhas cidades oferecem. A excitação de Kubla Klan perante a narração de Marco Polo impulsiona suas narrativas a fermentarem outras, refluindo as recordações e dilatando sua imaginação, como nas Mil e uma noites.
"Kublai: Não sei quando você encontrou tempo de visitar todos os países que me descreve. A minha impressão é que você nunca saiu deste jardim."

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