Multiculturalidade

Introdução
A multiculturalidade decorrente da globalização e das transformações sócio – económicas resultou num conjunto de novas questões sociais que a Psicologia individualista e clássica necessita de enfrentar, para que lhe seja possível criar condições de apoio e intervenção terapêutica a todos os indivíduos, sem discriminação nem atropelos à dignidade de cada um.
Foi o aparecimento da psicologia crítica nos anos 60, que postula uma intervenção mais focalizada nas diferenças do que nas regularidades, que fez com que novas questões sociais fossem alvo de debate e discussão por parte dos psicólogos.
Estas permutações

levaram à reconsideração por parte da psicologia dos

posicionamentos teóricos, metodológicos e epistemológicos até então adoptados, fruto das abordagens psicanalíticas que negligenciavam o papel da cultura como interveniente activo na formação e desenvolvimento do indivíduo, que resultou numa diversificação das áreas de actuação da psicologia, espraiando abordagens alternativas.
O sentido de realidade destas abordagens permitiram criar condições para que fossem ultrapassadas as questões individuais e intrapsíquicas, dando lugar à especificidade ao invés da universalidade. Como sustenta Lutz, em 1985, não é epistemologicamente correcto pensar-se numa única psicologia universal, uma vez que as psicologias são culturalmente específicas (cit. in Neves, S. 2007. “Psicologia, Diversidade Social e
Multiculturalidade: Caminhos Cruzados”. Psychologica. 45, p. 127).
A psicologia tem que caminhar a par desta evidência, já que não podemos ignorar que
“a cultura não pode senão ser entendida como fazendo parte de um amplo discurso de poder e de desigualdade, e os processos pelos quais determinados grupos culturais subjugam outros têm que ser forçosamente sondados” (May, 2000 cit. in Neves, S.
2007. “Psicologia, Diversidade Social e Multiculturalidade: Caminhos Cruzados”.
Psychologica. 45, p. 126). A grande tarefa da psicologia é saber