movimento the city beutiful

Ideias Viajantes: o Centro Cívico e a Cidade Como Obra de Arte – Do
City Beautiful ao Coração de Maringá

Resumo

Este trabalho aborda a circulação de certas ideias urbanísticas, sua aplicação no interior do Brasil e as transformações sofridas neste processo. Mais especificamente, trata do desenho e composição de centros cívicos (civic design), tal como instituídos pelo movimento norte-americano
City Beautiful a partir do „grande urbanismo‟ europeu. De volta à Europa, esta prática urbanística influenciou planos de reformas urbanas e traçados de cidades novas, inclusive projetos mais informais como o da cidade jardim inglesa. Difundida na América Latina, esta simbiose de conceitos e práticas aparentemente tão contraditórios como city beautiful e garden city também informou o desenho do centro de Maringá-PR, cidade nova projetada em 1945. Isto se deu a partir de lições práticas de urbanismo, de viagens internacionais, de literatura especializada e do imaginário urbanístico em curso, moldado pela deferência cultural e pelo protagonismo de certos centros urbanos. Com base em desenhos originais, documentos, entrevista, e bibliografia atualizada, e recorrendo à história do urbanismo, este trabalho trata de compreender as vicissitudes das ideias urbanísticas em questão.

Lições do passado: civic design e grand urbanisme
Na virada para o século passado, o Novo Mundo olhava para a Europa em busca de exemplos de como se refazer as combalidas cidades do final do século XIX. E o que certamente atraía o olhar externo era a tradição europeia de planejamento urbano em „grande estilo‟, aquela que enfatizava longas vias retas culminando em vistas espetaculares, praças formais, parques ricamente elaborados, a ordem geométrica e a habilidade de relacionar todos estes elementos em uma unidade coerente. Os precedentes clássicos incluíam o traçado de Roma do século XVI, a tradição barroca francesa do século XVII exemplificada em Versalhes e, sobretudo, as transformações modernizadoras