Movimento quilomboala, valores e enfrentamento dos desafios contemporâneos

MOVIMENTO QUILOMBOALA, VALORES E ENFRENTAMENTO DOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS

Rosania Silva da Costa[1]

INTRODUÇÃO

O mundo contemporâneo, marcado pelo grande desenvolvimento tecnológico e pelo avassalador sistema capitalista, apresenta grandes desafios para a sociedade e suas relações. Na conjuntura atual acentuam-se sempre mais a violência, o desrespeito à diversidade, a corrupção e a miséria velada nos tantos benefícios que as famílias recebem hoje no Brasil. Nesse contexto também, encontram-se as comunidades de resistência como os quilombolas que buscam melhorias na qualidade de vida além de respeito à sua cultura e ética no tratamento das políticas públicas que atendam suas necessidades. A alteridade nessa realidade se faz necessário, pois esse valor torna o ser humano capaz de “apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem.”[2] Tomando por base o movimento quilombola, esse portfólio tem por objetivo refletir sobre a importância da preservação dos valores humanos que podem contribuir para a consolidação de políticas que avalizem os direitos dos remanescentes assim como a formação e reação da sociedade em relação ao sistema capitalista.

A formação dos indivíduos e dos grupos frente à sociedade capitalista

É na passagem da Idade Média para Idade Moderna com o renascimento urbano e comercial que se dá a origem do Capitalismo. Uma das fortes características desse sistema e da nova classe social que surge (burguesia), é a busca do lucro através de atividades comerciais. Na sua primeira fase, chamada capitalismo comercial, já se identificava busca do lucro, uso de mão-de-obra assalariada, moeda substituindo o sistema de trocas, desigualdades sociais e outras distintas marcas do capitalismo nascente. Esse sistema, com a evolução que lhe é peculiar, modificou e continua modificando o modo de