morte pela filosofia

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Filosofia é aprender a morrer

Filosofia é aprender a morrer. Montaigne disse isso. Ele assumiu essa definição de Platão e tentou cumpri-la à risca. Perto dos quarenta anos, procurou ir se retirando da vida pública e até mesmo dos afazeres domésticos. Cotidianamente, logo cedo, subia as escadas da torre de seu chateau e lá em seu escritório ficava a meditar, ler e escrever. Era o comportamento que mais tarde os manuais de filosofia iriam atribuir aos céticos de seu tipo: suspensão da ação e adiamento do juízo.
A filosofia para Montaigne exigia esse desgarrar-se da ação – a ataraxia. Mas também envolvia o que, mais tarde, Husserl nomeou tecnicamente como epoché, ou seja, época, período.
A época: um tempo na história em que as coisas não mudam ou, digamos de modo mais correto, dão a impressão de continuidade. Falamos em “épocas” ou “eras” como quem quer dizer: há história nesse tempo, é claro, mas é quase como se não houvesse, uma vez que os eventos cotidianos se sucedem quase como em repetição. Entre uma época e outra a linha de demarcação pode ser uma revolução, uma catástrofe natural, uma invenção, uma guerra etc. Epoché deve soar, então, como o que fica suspenso, segurado nas pontas por dois eventos diferentes. Ora, no campo do pensamento, ou seja, no âmbito da fenomenologia que se desdobra no fio do pensamento, a época – a epoché – abarca tudo que poderia merecer a emissão de uma decisão quanto ao verdadeiro e o falso, o certo e o errado, uma decisão que se de fato fosse emitida qualificaria o que se põe entre duas linhas divisórias, ou seja, entre dois fenômenos distintos dos abarcados internamente.
Husserl utilizou tal termo, tirando-o do ceticismo antigo, e dando-lhe um significado filosófico apropriado para a fenomenologia, sua corrente filosófica. Peter Sloterdijk enfatiza essa façanha husserliana dizendo que, no contexto mesmo da filosofia de Husserl, trata-se de quando “o filósofo distingue estados da vida da consciência como eles aparecem antes e

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