Montaigne

431 palavras 2 páginas
Montaigne não conclui que o conhecimento verdadeiro é impossível. Ele não é, como os céticos acadêmicos, niilista. Não sustenta que nada é verdadeiro. Para ele esta proposição é contraditória. Se nada é verdadeiro, não é verdadeiro que nada seja verdadeiro. Nem que nada sabe. (Proposição igualmente contraditória. Se nada sabe, como saberia que nada sabe?); mas simplesmente que nada é certo, inclusive a própria incerteza. Daí a famosa fórmula interrogativa “Que sais-je? que adotou. “é a minha divisa e a acompanho de uma balança” (2.12.511), parecer, segundo ele, expressar mais coerentemente a dúvida pirrônica, pois, se dissesse, “nada sei”, ainda assim seria afirmar.
Montaigne admite que nosso conhecimento deriva dos sentidos e que por eles se inicia a ciência. “Afinal, seríamos ignorantes como uma pedra se não conhecêssemos a existência do som, do odor, da luz, do sabor, da medida, do peso, da moleza, da dureza, do amargor, da cor,do tato, da largura, da profundidade, o que constitui a base e o princípio de toda ciência” (2.12.575). Mas, se os sentidos nos dão nossas mais seguras informações, existem, contudo, determinadas dificuldades aparentemente insuperáveis no conhecimento sensível que nos deixam em completa dúvida.
Sua tentativa de mostrar que a fé é imune às exigências da razão e não necessita de argumentos configura o aspecto fideísta de seu ceticismo. A nosso ver, a posição fideísta que na Apologia apararece na possibilidade aventada de um acesso à verdade por uma iluminação divina, propiciada pelo maior espaço deixado à fé, constitui uma hipótese que a razão não pode negar e que visa relativizar o ceticismo quanto à possibilidade de alcançarmos a verdade por meios puramente humanos. Dada a demonstração rigorosa das dificuldades e fraquezas da razão em obter a verdade por sua própria conta, demonstração que derruba tanto os argumentos dos objetores de Sebond, quanto o próprio racionalismo de Sebond, achamos que é para não concluir negativamente e

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