Migração e trabalho na região metropolitana de são paulo nos anos 90
José Marcos Pinto da Cunha * Cláudio Salvadori Dedecca **
A Região Metropolitana de São Paulo sofreu uma série de transformações nas últimas décadas, dentre elas a forte interrupção de seu crescimento populacional. Neste artigo pretende-se mostrar que, na dinâmica demográfica regional, a redução dos fluxos de migração tem como paralelo a precarização e a instabilidade das condições de trabalho da população e em particular do migrante, que cada vez menos consegue se inserir nos setores mais ativos da economia. As evidências empíricas das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs) de 1992, 1995 e 1998 constituem um quadro amplo e atualizado das tendências migratórias da região, além de contribuírem para um debate extremamente importante, que deverá ajudar a desmistificar o impacto e as conseqüências da migração para a região, considerados negativos pelo senso comum, particularmente em relação ao mercado de trabalho.
Nos últimos 20 anos, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) passou por grandes mudanças socioeconômicas e demográficas. Além da desconcentração da atividade produtiva, que de certa maneira seguiu a tendência nacional, a região experimentou uma sensível deterioração das condições materiais de vida de seus habitantes, expressa pelo aumento da pobreza e da concentração de renda, pela explosão dos problemas habitacionais e de infra-estrutura e, sobretudo, pela precarização progressiva das condições de inserção econômica de sua população. Muito provavelmente em decorrência dessas mudanças, foram observadas também alterações demográficas importantes na região, que podem ser sintetizadas na forte interrupção de seu crescimento populacional, a qual teve como fator decisivo a redução dos fluxos migratórios.
A despeito dessas transformações, a RMSP continua mantendo seu fetiche como área de “promessa” de uma vida melhor, em razão de