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O criticismo Kantiano

Contexto histórico

O século XVIII foi marcado por revoluções que alteraram consideravelmente a civilização ocidental, a qual abando­nou os referenciais políticos, econômicos e sociais do Anti­go Regime. Isso foi possível graças, entre outros aspectos, a um processo de laicização do pensamento que fez o século XVIII ser conhecido pela expressão Século das Luzes.
Acreditava-se que a ignorância e o dogmatismo só pode­riam ser combatidos pela luz da razão. Esta conduziria o homem em direção a uma nova realidade, marcada pela defesa da liberdade e da igualdade entre as pessoas, em que as decisões seriam pautadas pelo discernimento per­mitido pela racionalidade humana.
Contudo, essa filosofia iluminista não deve ser entendida como um único bloco homogêneo de pensamentos que destoava do Antigo Regime pela inexistência de liberdade e pela centralização excessiva da autoridade nas mãos do rei. Ela deve ser entendida como um movimento comple­xo que envolveu várias correntes filosóficas distintas, com proposições alternativas assentadas na ideia de raciona­lidade. Essas correntes tinham em comum a defesa da liberdade individual, ainda que divergissem quanto a ou­tros conceitos filosóficos, políticos e econômicos, como, por exemplo, a forma de governo que substituiria a mo­narquia absolutista, entre outros aspectos.
Sua disseminação pelo continente europeu favoreceu a burguesia, classe social interessada em seu fortalecimen­to e expansão, pois abriria espaço político e facilitaria o desenvolvimento de conhecimentos e técnicas funda­mentais para a ampliação da atividade produtiva, além de permitir uma ascensão social garantida por meio do méri­to e não do nascimento, como ocorria até então.
Essa revolução política, econômica e social animou ainda mais o debate filosófico entre correntes abstracionistas e empiristas a respeito da capacidade de entendimento humano. Hume já havia colocado dificuldades a esse res­peito, questionando a validade das

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