Maquiavel, beccaria e picco

Dissertação correlacionando Maquiavel, Beccaria e Pico della Mirândola.

Os três autores apresentam-se como visionários, em suas épocas, do que viria a se tornar a condição humana no século XXI. Cada um, à sua maneira, estudou uma faceta do comportamento e teceu considerações sobre o panorama que vislumbrou ao olhar a si mesmo e aos seus semelhantes, contribuindo para um entendimento maior do que é a natureza humana. Porém, embora tenham os três autores colocado o homem como figura central em suas obras, existem profundas diferenças entre os conceitos que fazem de seus semelhantes. Maquiavel, juntamente com Hobbes, acreditava na natureza intrinsecamente má do ser humano em seu estado natural. Segundos estes filósofos, sem um governo central e forte, o homem não teria condições de prosperar enquanto espécie gregária, e as sociedades estariam fadadas a nunca se formarem ou a perecerem na luta aguerrida entre os povos vizinhos. Talvez afirmar que o ser humano é intrinsecamente mau seja um exagero, porém o fato é que a luta pela sobrevivência é inata a todas as espécies animais, enquanto a cooperação e o trabalho conjunto é uma necessidade aprendida e imposta pela sociedade (daí o contrato social). Maquiavel via a necessidade de um soberano capaz de unificar a Itália enquanto nação, e sua obra detalha o que o Príncipe deveria fazer para que se mantivesse no poder. Um dos aspectos interessantes da obra é perceber a natureza absolutamente instrumental que Machiavel atribui ao povo, tratando os súditos do príncipe simplesmente como uma ferramenta a ser usada pelo soberano para alçar-se ao poder, para nele permanecer ou para conquistar novos domínios e ampliar sua influência. Não existe uma preocupação genuína com o bem-estar do povo, e embora a obra recomende não abusar da boa vontade dos súditos, esta sugestão visa apenas evitar dissabores ao governante. No extremo oposto da visão de Maquiavel, temos Pico della Mirândola e sua valorização incontida do ser