manifestações de julho/2013

INTRODUÇÃO Propagou-se, no imaginário popular, que a população brasileira é refratária a protestos. A corrupção generalizada na política seria um reflexo do comportamento das camadas populares, apegadas a um tal “jeitinho” que servia de espelho às podridões nos canteiros de Prefeituras, Governos Estaduais e Presidência da República. De repente, a população, acusada de comodismo, veste as chinelas e despeja nas ruas gritos de inconformismo contra as práticas políticas e pela melhoria nos serviços públicos. Cogita-se em 2 milhões de pessoas nas ruas das grandes e médias cidades brasileiras. A bandeira do movimento popular estendeu-se pela redução das tarifas de transporte, melhorias na saúde e educação e contra a corrupção e impunidade e gastos com a Copa do Mundo de 2014. Há quem vocifere que as manifestações não têm uma direção própria, porque, sem um caminho certo a traçar, não conseguirá atingir um objetivo concreto, em suma, não terá efetividade no mundo das relações sociais. Em um primeiro momento, porém, alguns objetivos foram alcançados. Não foram poucos os governos que anunciaram redução das tarifas de transporte; outros, como o de São Paulo, deixaram de aumentar o valor dos pedágios. Em nível federal, parlamentares, do Partido dos Trabalhadores, antes contrários à PEC 37 (que proibia o Ministério Público de promover investigações criminais), mudaram de opinião e, seguindo a maioria, rejeitaram a proposta. Mas o que desejam os movimentos populares que entraram em ebulição em junho de 2013 no Brasil? Em que camada da democracia eles podem ser situados – no subterrâneo, onde estão os desejos e aspirações materiais da população, ou nos altiplanos da representatividade, catalisados pela oposição ao governo brasileiro? As questões apresentadas por esses movimentos surgiram de onde, da institucionalidade, ou das próprias camadas populares? Outras perguntas podem ser formuladas: a teoria política contemporânea já previa a ebulição de movimentos contestatórios