MAGISTRATUM CANIBALIS

376 palavras 2 páginas
MAGISTRATUM canibalis

Andei por diversos lugares, conheci muito de muitos. Vi de tudo um pouco e passei por muitas situações, mas nunca tinha refletido sobre tamanha barbárie por aquele que de maneira não velada, em certos momentos, canibaliza a alma e o saber humano.
Vi um dia pelas andanças da vida, um ser que por muito admirei sem muito questionar, ou ao questionar não percebia o que neste momento senti e vivi.
Vi um Ser se transformar de uma hora para outra, de um ‘tempo’ para outro, naquilo que muitos temiam em tempos de colonização; vi um atroz canibal.
Quão grandes eram aqueles olhos flamejantes, lábios carnudos que desferiam palavras que assombravam e atemorizavam e o pior de tudo, com eloquência. Seu semblante aterrorizava quem diante de sua presença se encontrava.
Quão inflado era seu ego, que engolia a todos com suas imposições e sátiras famintas de auto-afirmação e poder. Aquele Ser Mastigava corpos.
Diante deste, o silêncio, constrangimento, angustia e pavor.
Por uma ‘metade de homens’ que partilhavam do mesmo logro: via-se a petição disfarçada por um pedaço da ‘caça’; pobres súditos; mal sabiam que eram apenas vítimas em engorda para um abate vindouro.
Tudo que vi e vivi por estas andanças, por um instante, quase se esvaiu perante a fatuidade deste homo canibalis. Todavia resisti pela força daquilo que acreditava ou ainda pelos valores forjados pelo tempo.
Em uma de suas faces, outrora vi E’ste homo dito sapiens apregoar: erro como forma de crescimento, dúvida como busca da verdade, fala como expressão do pensamento, mesmo estando em equívoco.
Em um dia de sombras, fiquei sem saber se estava ante um selvagem, de um deus, de um bárbaro ou ainda um canibal. Vi um ‘corpo’ sendo devorado com tamanha barbárie e selvageria; vi um corpo ‘sobre’ outro.
Refletindo com uma dor n’alma, que nunca sentira; percebi que aquele ao qual convivera sem conhecer, do qual um dia chamei e pensei ser um mestre, vi que nada mais era do que um homo canibalis

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