Língua, cultura e identidade no contexto da surdez

O que atribui identidade a um povo? A palavra identidade provém do latim idem, que significa “semelhante”, “o mesmo”. Sendo assim, um povo que fala uma mesma língua pode ser reunido por uma mesma identidade e nos permite considerar a Língua de sinais como a identidade dos surdos. Porém, a comunidade surda, enquanto minoria linguística, enfrenta dificuldades em afirmar sua identidade baseada no conceito de Linguagem, visto que este tem sido usado para legitimar diferenças e não para aproximar culturas diferentes. Em se tratando de linguagem pode-se perceber que as diferenças entre o surdo e o ouvinte legitimam a segregação existente entre essas duas culturas: o ouvinte é visto na sociedade como aquele que é um indivíduo “completo”, pois “possui a linguagem” enquanto o surdo é caracterizado como inferior por não possuí-la. A diferença existente entre surdos e ouvintes está na forma como se dá a comunicação: para o ouvinte trata-se de fonemas e sons enquanto para o surdo é precisamente visual. Dessa forma, o surdo, ao contrário do que muitos acreditam, possui uma língua e é através desta, Língua de Sinais, que este indivíduo interage com o mundo. Esta segregação linguística é apenas um dos efeitos do processo de homogeneização que o mundo está buscando em todas as esferas da sociedade, tendo em vista as relações de poder, políticas e econômicas. Essa padronização visa afastar o que se denomina anormalidade, e propagar uma unidade social, que mesmo atrelada à ideia de cultura, exclui a diversidade. Por que não falarmos em uma unidade pluralizada? A pluralidade estaria em se valorizar igualmente todas as diferenças e a unidade nas inter-relações que estabelecemos uns com os outros. Segundo Cromack(2004) explica “a identidade implica o processo de consciência de si próprio, sendo que esta ocorre por meio de relações intersubjetivas, de comunicações linguísticas e experiências sociais, tornando-se um processo ativo”. Logo, pode-se dizer que a construção de uma